sábado, 7 de novembro de 2009

Síndrome de Burnout - Conceitos

A chamada Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das conseqüências mais marcantes do estresse profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional).

O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.

Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, professores).

Outros autores, entretanto, julgam a Síndrome de Burnout algo diferente do estresse genérico. Para nós, de modo geral, vamos considerar esse quadro de apatia extrema e desinteresse, não como sinônimo de algum tipo de estresse, mas como uma de suas conseqüências bastante sérias.

De fato, esta síndrome foi observada, originalmente, em profissões predominantemente relacionadas a um contacto interpessoal mais exigente, tais como médicos, psicanalistas, carcereiros, assistentes sociais, comerciários, professores, atendentes públicos, enfermeiros, funcionários de departamento pessoal, telemarketing e bombeiros. Hoje, entretanto, as observações já se estendem a todos profissionais que interagem de forma ativa com pessoas, que cuidam e/ou solucionam problemas de outras pessoas, que obedecem técnicas e métodos mais exigentes, fazendo parte de organizações de trabalho submetidas à avaliações.

Definida como uma reação à tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto, excessivo e estressante com o trabalho, essa doença faz com que a pessoa perca a maior parte do interesse em sua relação com o trabalho, de forma que as coisas deixam de ter importância e qualquer esforço pessoal passa a parecer inútil.

Entre os fatores aparentemente associados ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout está a pouca autonomia no desempenho profissional, problemas de relacionamento com as chefias, problemas de relacionamento com colegas ou clientes, conflito entre trabalho e família, sentimento de desqualificação e falta de cooperação da equipe.

Os autores que defendem a Síndrome de Burnout como sendo diferente do estresse, alegam que esta doença envolve atitudes e condutas negativas com relação aos usuários, clientes, organização e trabalho, enquanto o estresse apareceria mais como um esgotamento pessoal com interferência na vida do sujeito e não necessariamente na sua relação com o trabalho. Entretanto, pessoalmente, julgamos que essa Síndrome de Burnout seria a conseqüência mais depressiva do estresse desencadeado pelo trabalho.

Os sintomas básicos dessa síndrome seriam, inicialmente, uma exaustão emocional onde a pessoa sente que não pode mais dar nada de si mesma. Em seguida desenvolve sentimentos e atitudes muito negativas, como por exemplo, um certo cinismo na relação com as pessoas do seu trabalho e aparente insensibilidade afetiva.

Finalmente o paciente manifesta sentimentos de falta de realização pessoal no trabalho, afetando sobremaneira a eficiência e habilidade para realização de tarefas e de adequar-se à organização.

Esta síndrome é o resultado do estresse emocional incrementado na interação com outras pessoas. Algo diferente do estresse genérico, a Síndrome de Burnout geralmente incorpora sentimentos de fracasso. Seus principais indicadores são: cansaço emocional, despersonalização e falta de realização pessoal.

Quadro Clínico

O quadro clínico da Síndrome de Burnout costuma obedecer a seguinte sintomatologia:

1. Esgotamento emocional, com diminuição e perda de recursos emocionais
2. Despersonalização ou desumanização, que consiste no desenvolvimento de atitudes negativas, de insensibilidade ou de cinismo para com outras pessoas no trabalho ou no serviço prestado.
3. Sintomas físicos de estresse, tais como cansaço e mal estar geral.
4. Manifestações emocionais do tipo: falta de realização pessoal, tendências a avaliar o próprio trabalho de forma negativa, vivências de insuficiência profissional, sentimentos de vazio, esgotamento, fracasso, impotência, baixa autoestima.
5. É freqüente irritabilidade, inquietude, dificuldade para a concentração, baixa tolerância à frustração, comportamento paranóides e/ou agressivos para com os clientes, companheiros e para com a própria família.
6. Manifestações físicas: Como qualquer tipo de estresse, a Síndrome de Burnout pode resultar em Transtornos Psicossomáticos. Estes, normalmente se referem à fadiga crônica, freqüentes dores de cabeça, problemas com o sono, úlceras digestivas, hipertensão arterial, taquiarritmias, e outras desordens gastrintestinais, perda de peso, dores musculares e de coluna, alergias, etc.
7. Manifestações comportamentais: probabilidade de condutas aditivas e evitativas, consumo aumentado de café, álcool, fármacos e drogas ilegais, absenteísmo, baixo rendimento pessoal, distanciamento afetivo dos clientes e companheiros como forma de proteção do ego, aborrecimento constante, atitude cínica, impaciência e irritabilidade, sentimento de onipotência, desorientação, incapacidade de concentração, sentimentos depressivos, freqüentes conflitos interpessoais no ambiente de trabalho e dentro da própria família.

Apesar de não ser possível estabelecer uma fórmula mágica ou regra para análise do estresse no trabalho devido a grande diversidade entre as empresas, vejamos agora algumas situações mais comumente relacionadas ao estresse no trabalho, de um modo geral.

Considera-se a Síndrome Burnout como provável responsável pela desmotivação que sofrem os profissionais da saúde atualmente. Isso sugere a possibilidade de que esta síndrome esteja implicada nas elevadas taxas de absenteísmo ocupacional que apresentam esses profissionais.

Segundo pesquisas (Martínez), a epidemiologia da Síndrome de Burnout tem aspectos bastante curiosos. Seu detalhado trabalho mostrou que os primeiros anos da carreira profissional profissional seriam mais vulneráveis ao desenvolvimento da síndrome.

Há uma preponderância do transtorno nas mulheres, possivelmente devido à dupla carga de trabalho que concilia a prática profissional e a tarefa familiar. Com relação ao estado civil, tem-se associado a síndrome mais com as pessoas sem parceiro estável.

para referir:
Ballone GJ -Síndrome de Burnout - in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2005

QUE EMOÇÃO EU SINTO QUANDO TRABALHO?

Emoções à flor da pele


Élida Bezerra
Estagiária de Jornalismo do site RH.com.br. Estudante de Jornalismo da Faculdade Maurício de Nassau, começou a atuar na equipe RH.com.br em outubro de 2007. Exerceu atividades na Assessoria de Imprensa da Secretaria de Defesa Social do Estado de Pernambuco.+ textos de Élida Bezerra

Final de mês, balanço mensal, folha de pagamentos, metas a serem cumpridas entre outras tarefas a serem desenvolvidas dentro da organização. Envolvido nesse cenário, o colaborador transforma-se em uma "pilha de nervos". Diante dessa realidade, para o profissional, torna-se um desafio controlar as emoções em meio a tanta pressão na realização de atividades e na correria do mundo corporativo moderno.

Além das dificuldades no ambiente de trabalho, existem os problemas domésticos. O ser humano é dotado de sentimentos e está suscetível a expressá-los em qualquer lugar. Algumas pessoas tentam disfarçar os sentimentos de frustração, estresse, raiva ou alegria relacionados a diversos fatores.

De acordo com Nei Loja, psicólogo, palestrante e autor do livro "Ganhe as Enormes Vantagens de Ser um Grande Líder Motivador", lançado em 2006 pela Editora Record, as emoções são benéficas e fazem parte da natureza, por serem parte do sistema de defesa do ser humano. Em entrevista ao RH.com.br, Nei Loja afirma que o líder deve manter um ambiente que permita piadas e brincadeiras respeitosas, expressões de alegria e felicidade. Tudo isso tornará a equipe bem mais criativa e inteligente. Aproveite a leitura!

RH.COM.BR - Existe uma distinção entre emoções positivas e negativas?

Nei Loja - Acho que vale a pena esclarecer, inicialmente, o que são as emoções, sob uma determinada forma de se estudar o assunto. As emoções são benéficas e fazem parte da natureza humana, por serem parte do sistema de defesa da nossa integridade física e mental. Medo, raiva, tristeza, enfim, fazem parte do repertório de emoções que nos possibilitam reconhecer, diante de fatos ocorrendo e de nossa memória, como vamos agir ou reagir, seja para sobreviver ou amar. Simplificando mais, elas são o resultado da integração de um grupo de humores corporais com neuropeptídios cerebrais. Assim, os humores, que estão fisicamente associados às emoções são apenas líquidos que saem das quase 270 glândulas que temos. Curiosamente, humor é apenas um líquido que sai de uma glândula, ou seja, uma pessoa bem-humorada está repleta do que podemos chamar de "caldinhos positivos", ou bons humores. Já a pessoa mal humorada está repleta de "caldinhos negativos", ou maus humores.

RH - Qual a importância das emoções no ambiente de trabalho?

Nei Loja - É absoluta. As pessoas passam cerca de dez horas por dia envolvidas com o trabalho e se nele tiverem a felicidade de trabalhar em um ambiente que favoreça as emoções mais desejadas - como as de alegria, paz, harmonia -, melhor para todos. Do ponto de vista de quem contrata é perfeito, porque pessoas bem-humoradas solucionam problemas complexos muito melhor do que quando estão estressadas, têm mais disposição, energia, enfim. Além disso, o benefício para os contratados é evidente, porque envolve boa saúde física e mental.

RH - Que emoções geralmente prevalecem no cenário corporativo: as negativas ou as positivas?

Nei Loja - Curiosamente, uma pesquisa norte-americana revelou que a economia total daquele país perde, anualmente, cerca de um trilhão de dólares com conversas paralelas e reclamações no ambiente de trabalho. Ocorre que várias pessoas gastam até metade do tempo em conversas paralelas, coisa que depende da área de trabalho e do tipo de atividade. De todo modo, do ponto de vista de quem contrata é um grande problema, bem como trabalhar em um ambiente com muitas pessoas reclamando, enfim, "fazendo terapia da fala", usando os ouvidos dos colegas é muito desagradável, paralisa a todos, ocorre grande redução da capacidade física e intelectual, piorando os resultados. Isto não é uma inferência meramente intelectual, mas o resultado de sérios estudos e pesquisas em diferentes ambientes de trabalho, geralmente nos Estados Unidos.

RH - Então, há realmente condições de se detectar as emoções no ambiente organizacional?

Nei Loja - Isso depende principalmente do gestor que é o grande responsável pelo chamado "clima organizacional", que pode ser conhecido através de pesquisas internas, bastando desenvolver-se um simples questionário para conhecer o grau de satisfação dos colaboradores com as empresas e seu relacionamento com as lideranças, entre vários outros fatores. Nestas pesquisas, que são feitas sem a identificação dos funcionários, percebe-se, infelizmente, que o gestor é bastante responsável pelos aspectos mais negativos do relacionamento dentro do trabalho. Em uma delas, bem recente, realizada, aqui no Brasil, constatou-se que até 35% das vezes que os melhores funcionários saem das empresas o responsável é o gestor, significando, quem sabe, que os líderes preferem ficar com os piores para não terem concorrência. Mas eu estou me referindo aos gestores contratados, que também são empregados. Assim, se os donos das empresas não pesquisarem esta situação terão sempre piores resultados do que aquelas que o fazem e agem sobre o assunto.

RH - É possível "gerenciar" as emoções?

Nei Loja - Acho que as emoções não seriam gerenciáveis, neste sentido da administração pura. Não existe um leme para isto, não é possível programar e estabelecer metas. O que realmente se gerencia são os comportamentos e um exemplo disto pode ser "estabelecer que é proibido trazer problemas pessoais para o trabalho, devendo todos deixá-los na portaria". Assim, o comportamento de reclamar da vida ficaria "gerenciado", não é mesmo? E se o grupo atender e se autocontrolar, os resultados serão excelentes, ganhando-se tempo e reduzindo-se a transferência de estresse de um funcionário para outro, afinal, por motivos que nada têm a ver com a razão de estarem ali, juntos.

RH - De que forma o descontrole das emoções pode afetar o relacionamento no trabalho?

Nei Loja - Vamos fazer uma suposição: Uma pessoa pode estar aparentemente muito bem, estável e tranquila, mas disfarçando sentimentos - emoções -, que podem não ter relação com o trabalho. Aí, desobedecendo a uma orientação possível que seria "assuntos negativos e baixo astral são proibidos em favor do grupo", comete o famoso "aluguel de ouvidos" e passa a transmitir para os colegas seu negativismo, sentimentos de baixa autoestima ou até relata desgraças pessoais que os demais não têm a menor obrigação de ouvir. Porém, estes ouvem devido a uma mal explicada "definição" de que as pessoas devem ser sensíveis umas às outras. Isto é um grande erro, porque a empresa não é lugar para se fazer terapia. Na verdade, todos nós devemos aprender a satisfazer nossas necessidades de falar - a fala é realmente terapêutica -, mas com profissionais que não vão literalmente "adoecer" com nossos dramas, tais como os psicólogos, psiquiatras, padres, pastores, mães-de-santo, enfim, gente voltada para isto, que é a problemática humana. Problemas existem e não acabam, mas se pode mudar a percepção e a reação a eles.

RH - Existe algum mecanismo que ajude o funcionário a controlar suas emoções?

Nei Loja - Sim, e nos esportes vemos muitos exemplos. É mágico ver o Ronaldo Gaúcho batucando um samba animado dentro do transporte da seleção de futebol ou brincando sem parar, de modo que reduz muito sua própria tensão e a dos colegas. É como tocar mantras de alegria. Todos riem muito e se divertem. É natural que existam muitas tensões em um campeonato, mas a melhor forma de espantar pensamentos negativos é certamente esta: rir muito. Agora, imagine o contrário? O Ronaldo começa a chorar e a dizer que todos vão perder o campeonato, que está tudo perdido e que os adversários são melhores, como ficaria o grupo? É um ótimo modelo gerencial bloquear, proibir mesmo comportamentos de medo ou negativos em geral e ao mesmo tempo incentivar o oposto, a grande expansão de comportamentos positivos. Todos saem ganhando, sem nenhuma exceção. Mas este controle emocional positivo precisa ser trabalhado todos os minutos da vida de qualquer pessoa e o ambiente precisa ajudar, não só no trabalho, como em casa, no clube escolhido, na igreja, se for o caso, em todos os lugares. As pessoas devem afastar-se de qualquer ambiente ou pessoas que possam desencadear más sensações, maus humores, enfim, evitar filmes e novelas dramáticas, preferindo às comédias, com grandes vantagens pessoais e para seus filhos.

RH - Como isso pode ser feito na prática?

Nei Loja - Aprender yoga e meditação certamente traz enormes benefícios neste assunto. Pode-se liberar bons humores fazendo também exercícios aeróbicos, mudando-se a alimentação, aí se excluindo a carne vermelha, o sal refinado e diminuindo carboidratos, em favor de mais verduras, peixes, grãos e legumes crus. Deve-se rir de tudo o que ocorre, mesmo internamente, porque isto diminui os fluxos de maus humores que poderiam levar a tais respostas intempestivas ou mesmo a um enfarte. A prática de alongamento corporal, que retira tensões mentais, através da atividade física, é excelente. Veja que uma pesquisa importante do SENAC, que oferece este serviço - técnicos para ensinarem ginástica laboral -, constatou que ocorre importante redução de conflitos, aumenta o bem-estar do grupo e reduz o absenteísmo. Enfim, só traz vantagens e demanda apenas quinze minutos pela manhã, outro na hora do almoço e, se possível, mais uma vez no final do dia. Na realidade, não é preciso contratar um especialista, basta um colega que já saiba orientar o grupo, mas de preferência o próprio líder.

RH - Retrair as emoções no cenário organizacional pode comprometer o desempenho profissional?

Nei Loja - Existem muitas maneiras de se expressar um entendimento e uma maneira de se trabalhar as concordâncias e discordâncias. Se retrair as emoções significa nunca expressar o que se pensa, é um sério problema. Muitas pessoas tímidas sofrem demais com isto, mas existe solução. Segundo pesquisas inglesas projetadas, o mundo teria cerca de quatro bilhões de tímidos que, se chamados a falar, podem desmaiar. Para resolver estas questões existem os treinamentos em apresentações, em teatro, entre outras.

RH - Em que momento o profissional de RH deve "entrar no cenário" para trabalhar as emoções dos colaboradores?

Nei Loja - Sempre, todos os dias. Na verdade é sua função principal. Claro que cada setor depende do gerente, mas RH pode fazer um programa que corrija falhas gerenciais e mantenha todos no seu ápice de trabalho, inclusive ajudando a excluir os casos impossíveis dentro de uma técnica perfeita. O que recomendo, e está no meu livro "Grande Líder Motivador", é levar todos os líderes a participarem de um programa geral, desencadeado ao mesmo tempo, em todas as áreas, de preferência com premiação, que lhes dê conhecimento de várias técnicas práticas motivacionais para usarem no dia-a-dia com suas equipes. Eu listei, por exemplo, 39 no meu livro, todas elas práticas e sem qualquer teoria. Mas tem que existir o controle do programa por parte do RH para garantir que os novos conhecimentos sejam realmente implementados diariamente com grandes vantagens para os líderes que, afinal, só alcançam seus resultados através de suas equipes. Entretanto, existem as personalidades complicadas, sendo inteligente acompanhá-las para apoiar ou tirar da gerência ou da empresa os muito inadequados. Os relatórios do Programa Geral devem sempre ser levados aos donos ou diretorias para resolução, o que não precisaria das "fofocas" que não devem ser levadas a sério.

RH - Um recente estudo de pesquisadores da Harvard Medical School aponta que a raiva no trabalho pode ajudar a carreira de um funcionário. Qual a opinião do Sr. sobre esse assunto?

Nei Loja - Li as informações publicadas pelo O Globo e não creio que a palavra "raiva" esteja sendo bem empregada. Trata-se de uma forma normal de expressar uma posição da qual não se quer ceder, mostrando-se o interesse da empresa e da equipe. Esclarecem mesmo que não se trata de explosões de raiva ou fúria, coisa que não se deve aceitar, não ajuda em nada e impede o espírito democrático tão importante nas relações humanas. Assim, não percebi qual a novidade do estudo, mas isto precisa ser relativizado, pois depende muito da natureza ou das decisões dos líderes acima de quem expressa algo que parece mais uma "teimosia construtiva". Veja este exemplo: É fácil assistir a filmes ou reportagens que mostram a forma controlada de falar dos pilotos de avião e dos controladores de vôo. O avião pode estar caindo que eles mantêm o controle, porque sem esses profissionais ninguém ouvirá nada e nem poderá ajudar a evitar um desastre. São treinados ao extremo para salvar suas vidas e as dos passageiros. Não pode ser tão difícil assim, ainda mais se sabendo que a profissão de piloto é a que tem um dos maiores índices de elevação da pressão arterial que se conhece. Numa empresa raramente as pessoas estão fazendo coisas que podem levá-las a morrer, então, ter controle e se expressar de modo civilizado, até mesmo sua teimosia, certamente é mais benéfico.

RH - Para o Sr., de que forma o líder pode contribuir para um ambiente favorável no meio corporativo?

Nei Loja - Manter um ambiente no qual se permita piadas e brincadeiras respeitosas, expressões de alegria e felicidade, torna sua equipe bem mais criativa e inteligente. Pressão contínua acaba reduzindo o Q.I. médio do grupo e o adoece. Para se ter uma idéia, existem estudos mostrando que comportamentos de alguns líderes podem até enfartar seus funcionários, e um caso inglês, que também relato no meu livro, mostra todos os problemas de saúde dos funcionários sob tipos diferentes de lideranças. Mostram os resultados de uma pesquisa e acompanhamento da saúde de 40 mil servidores públicos na Inglaterra ao longo de vários anos. Jacqueline Muller, uma norte-americana concentrada em consultoria de felicidade no trabalho, infelizmente não é muito conhecida no Brasil, mas deveria ser, porque comprovadamente empresas mais felizes são as mais lucrativas. Veja bem que é o lucro que impede as demissões e dá a oportunidade de premiações e comemorações. Então, ter uma empresa feliz precisa ser o maior desejo de patrões inteligentes e participar delas o sonho de quem ama a vida. Minha recomendação objetiva é manter as mentes ocupadas com assuntos relacionados ao trabalho, premiando o tempo todo, dando medalhas, diplomas e festejando publicamente o funcionário da semana - não é o do ano -, colocando metas de treinamentos que o próprio líder fará e também seus funcionários, enfim, mantendo as mentes ocupadas em crescer e se aprimorar.